NOTA EM SOLIDARIEDADE
Mais uma tragédia, uma escola marcada de sangue, uma cidade chocada e um país ferido. Na hora do intervalo, cinco estudantes, duas funcionárias e um familiar foram assassinados e dois outros jovens tiraram as próprias vidas.
Muito se especula sobre a motivação dos crimes, no entanto, não é possível saber quais as razões que culminaram nessa tragédia. O que é possível dizer é que essa situação é um retrato de uma sociabilidade doente, com práticas de resolver os conflitos recorrendo à violência.
Para além da comoção, o ocorrido causou espanto, bem como imediatamente se traçaram paralelos com os Estados Unidos da América, onde eventos como esse ocorrem com maior regularidade.
Chama à atenção também a tragédia ter se dado no ambiente escolar. Mais do que um espaço de formação, a escola é um local no qual são estabelecidas relações sociais para além da família, lugar que ocorre a passagem da infância para a adolescência e uma série de descobertas. Por outro lado, a escola também é um catalizador de manifestações diversas das expressões da questão social e dizem que um dos possíveis motivos era o fato de esses jovens serem vítimas de bullying, o que demonstra também, qual o lugar da juventude na sociedade cada vez mais pautada pelo individualismo, pelo consumo e pela violência.
Estamos imersos em uma sociedade que enaltece o mérito e o esforço a qualquer custo, que desconsidera a particularidade de cada um e em que demonstrações de tristeza representam um fracasso.
Outro paralelo traçado com a realidade estadunidense se dá pelo fato de naquele país o porte e a posse de armas serem liberados, portanto de fácil acesso a todas e todos. Com a proliferação destas tragédias, movimentos sociais estão se mobilizando para tentar mudar a legislação que permite que isso ocorra na tentativa de dificultar o acesso às armas, na expectativa de reduzir o número de episódios como esse.
No Brasil, há no Palácio do Planalto um governo que se elegeu prometendo flexibilizar o acesso ao porte de armas e já manifestou essa tendência ao flexibilizar a legislação e posse de armas já nos primeiros dias da gestão. Da mesma forma, incentivando uma cultura de violência e minimizando a brutalidade policial que afeta, sobretudo, a população jovem, negra e periférica.
Nessa tragédia perdemos vidas, sonhos se findaram naquele momento, esperanças se foram com aqueles jovens que tiveram suas vidas abreviadas de modo tão torpe. Da mesma forma, contraditoriamente, aparecem cenários de solidariedade de classe, quando a cozinheira, por exemplo, salva inúmeras vidas.
O CRESS/SP luta para a construção de outra sociabilidade sem exploração do homem pelo homem de qualquer natureza que seja, por isso, se solidariza com as famílias das vítimas, dos jovens que cometeram esses assassinatos, com toda comunidade escolar e anseia que episódios como esse não mais se repitam.
Conselho Regional de Serviço Social 9ª Região – CRESS/SP
Gestão Ampliações: Trilhando a Luta, com Consciência de Classe
