CRESS/SP debate Laicidade de Estado e Racismo Religioso no Seminário da COFI realizado em Sorocaba

No último sábado, dia 27, o CRESS/SP realizou o Seminário Estadual da COFI (Comissão de Orientação e Fiscalização) com o tema Defesa da Laicidade de Estado e Combate ao Racismo Institucional e Religioso. O evento aconteceu na cidade de Sorocaba, em São Paulo, e reuniu mais de 100 participantes para debater temas como racismo religioso, emancipação humana e conservadorismo, no contexto da laicidade no Brasil e na profissão. A diretora da Seccional de Sorocaba Jaqueline Michele de Jesus contou sobre a importância de receber eventos descentralizados como forma de facilitar o acesso da categoria as discussões: “Antes os eventos da COFI só aconteciam na cidade de São Paulo e nos últimos três anos têm sido descentralizados, já aconteceu na cidade de Marília, São José do Rio Preto, São José dos Campos e agora está acontecendo em Sorocaba”, conta Jaqueline.

A primeira mesa “Marxismo, emancipação humana e religiosidade” foi conduzida pelo professor Ivo Tonet, Doutor em Educação e docente do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) por muitos anos. Em sua fala o professor reforça a importância da crítica política à religião e da vigilância de sua articulação com o Estado, mas alerta sobre a impossibilidade de se atingir um estado completamente laico: “Mesmo nos estados mais laicos, produzidos pela revolução burguesa na Europa, sempre há uma intervenção religiosa. O que nós temos que lutar é por uma Laicidade de Estado possível”, afirma.

Professor Ivo Tonet durante a mesa Marxismo, emancipação e religiosidade

Ivo ressalta que não se deve excluir a religiosidade do indivíduo, mas que é preciso pensar à frente. Se todos lutam pelos direitos da classe trabalhadora, segundo o professor, esse  caminho é independente da crença religiosa dos sujeitos: “Devem lutar não pelo direito a ter uma religiosidade maior e sim lutar pela eliminação da alienação religiosa. Deste modo, é possível que as pessoas mesmo acreditando [em divindades] se posicionem no sentido da construção de uma sociedade livre da exploração de um ser humano pelo outro, livre da dominação e livre de toda a alienação”, diz.

Na segunda mesa de debate, a palestrante convidada foi Josélia Ferreira, assistente social de doutoranda em Política Social Universidade Federal Fluminense. O tema levado por Josélia foi “Racismo religioso e institucional”. A palestrante iniciou seu discurso pedindo licença às pessoas negras presentes por entender que discutir laicidade de Estado é discutir racismo contra religiões de matrizes africanas diretamente: “Pedi licença porque estava seguindo uma tradição que é a do povo de Axé, pedir licença sempre que se vai iniciar algo e também estava pendido licença por ser uma mulher branca indo falar de racismo religioso e racismo institucional. Por ser uma mulher branca acho importante marcar que estou como parceira no combate ao racismo, mas que o meu papel é de coadjuvante”, comenta Josélia.

Da esquerda para direita: Cida Mineiro (Base da COFI); Josélia Ferreira (Palestrante) e Hayane Carneiro (Seccional Sorocaba)

A palestra seguiu com a exposição de casos onde a fé religiosa de matrizes africanas foi atacada e depreciada não apenas por praticantes de outras religiões, mas também por representantes do Estado, o que vai contra o direito de laicidade: “É fundamental debater o racismo religioso e o racismo institucional porque muitas vezes o racismo religioso tem uma base que é o apoio institucional do Estado, então se deve tratar o racismo institucional se quiser, de fato, combater e eliminar o racismo”, completa.

Durante a abertura para perguntas da plateia, o assistente social Júlio Cezar de Andrade, conselheiro estadual do CRESS/SP, fez uma fala reforçando que devemos olhar para a discussão diretamente pela questão racial: “Precisamos provocar mais a discussão e reflexão da categoria para a questão racial, vamos discutir o racismo que é o racismo dentro do Serviço Social, de uma esquerda branca que historicamente nunca quis discutir de forma séria e crítica do debate do racismo”, afirma. “É uma dor dizer que a categoria ainda não aderiu de forma objetiva e concreta à campanha Assistentes Sociais no Combate ao Racismo do Conjunto CFESS/CRESS”, completa.

A mesa “Conservadorismo e Laicidade de Estado: O debate no Serviço Social” contou com a participação de Adriana Brito da Silva, assistente social,  e de Luciano Alves, conselheiro estadual do CRESS/SP. Adriana falou sobre a formação do estado, ascensão da burguesia e luta da classe trabalhadora para as conquistas no período das revoluções na Europa. Foram trazidas novamente as questões levantadas pelo professor Ivo na primeira palestra sobre o Estado e o controle social. “Acho que temos que nos posicionar, são tempos muito difíceis, mas temos que avançar e não podemos tem medo”, comenta.

Na segunda metade da mesa, Luciano Alves abordou conceitualmente a laicidade, expôs diferentes tipos de Estado, o grau de laicidade entre eles e trouxe a discussão para o cotidiano dos/as assistentes sociais. O palestrante citou exemplos de como a categoria, no exercício profissional, muitas vezes expõe uma vinculação religiosa que pode estar em desacordo com a ética profissional. Além disso, foram citados exemplos para refletir sobre a laicidade de Estado. “É complicado porque não deixamos a religião em casa para exercer o trabalho profissional, justamente porque somos seres sociais constituídos historicamente de totalidade, mas o que devemos ter em mente é que o profissional precisa ter nitidez do significado da laicidade de estado para entender e garantir a laicidade da profissão”, conta o assistente social.

Da esquerda para direita: Adriana Brito (Palestrante), Jaqueline Michele de Jesus (Seccional Sorocaba) e Luciano Alves (conselheiro estadual do CRESS/SP)

O evento trouxe reflexões sobre como a não observância da laicidade no exercício profissional pode contribuir para a precarização do atendimento do assistente social e até ara o aviltamento de direitos dos/as usuários/as. A Vice-Presidenta do CRESS/SP Patrícia Ferreira da Silva, finalizou os trabalhos comentando a importância de levar essas discussões não só pra mesas de debate, mas também para os usuários atendidos pelos assistentes sociais. “Acho extremamente importante pensar em como a gente pode conseguir pegar toda matéria discutida dentro do serviço social e levá-la para fora, expandir e multiplicar”, observa.

 

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