Encontro, na modalidade virtual, contou com a participação de profissionais e estudantes do Serviço Social e prestou uma emocionante femenagem à professora Maria Isabel de Assis, personagem inspiradora para a formação e execução das linhas de estudos do grupo.
O Grupo de Estudos é uma iniciativa do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo — 9ª Região (CRESS-SP), através do Comitê “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”, e vem sendo maturado há algum tempo. A aula inaugural foi realizada em ambiente virtual exclusivo e prestigiada por participantes de todas as regiões do país.
A abertura foi realizada por Aparecida Mineiro do Nascimento Santos, assistente social, Conselheira Estadual, integrante do Comitê Assistentes Sociais no Combate ao Racismo e membro da Diretoria Estadual do CRESS-SP.
Aparecida falou sobre a importância de os profissionais Assistentes Sociais no combate ao racismo, preconceito e violência, conectando essas lutas à motivação que Maria Isabel de Assis sempre determinou, sendo essas as inspirações deixadas Mabel Assis.
O encontro contou também com a participação da assistente social, Cíntia Neli, femenageando Mabel Assis, em momento de forte emoção, traduzindo em palavras citadas em verso a determinação, garra, luta e inspiração da personagem às causas sociais e trabalhos em razão às pessoas pretas.
Maria José de Assis Souza, irmã de Mabel, marcou o encontro com a importante contextualizou da mensagem profissional da irmã com a vida pessoal. Expressou com veemência que a marca de Mabel era o sorriso, a consignação e o foco nos estudos.
Maria José discorreu sobre a história de vida, força e luz de Mabel, para que ela fosse tão importante à vida das pessoas que tiveram a oportunidade de conhecê-la e desfrutar de seus conhecimentos, além da força às pessoas pretas na sociedade.
“Mabel era diferenciada. Ela acreditava, e mostrou isso, que os estudos são fontes da libertação das pessoas e pilares para uma construção de uma vida alicerçada no saber e conhecimentos, que ajudam a formar pessoas sabedoras de suas metas, conquistas e força de poder”, disse Maria José.
A femenagem foi estendida nas falas de Flávia Jesus Costa, pedagoga, que desenhou a determinação de Mabel pelas convicções que ela transmitia. Ela lutava pela liberdade das mentes das pessoas, de uma sociedade envolta pelo racismo e, por isso, construía caminhos para lutar contra intolerância religiosa, segregacionismo e qualquer tipo de violência existente. A pedagoga ainda citou, “É na academia que você vai conseguir ser melhor naquilo que você já é boa”, lembrando um dos ensinamentos transmitidos por Mabel Assim.
Suelma Alves Almeida, assistente social, professora e membro do Grupo de Estudo das Relações Étnico Raciais e o Serviço Social (GERESS), trouxe à reflexão o legado de Mabel, explicando as motivações da femenagem, resultando no nome de Maria Isabel ao Grupo de Estudos. Segundo Suelma, Mabel trabalhava para trazer à luz os intelectuais negros, fomentar e valorizar – dar visibilidade – às/aos estudiosas/os e formadores negros.
“Falar sobre o racismo nos meios intelectuais é importante para transcender os desafios da realidade das pessoas pretas. Ela era visionária e, talvez por esta razão, sua história de vida cruzava com o atendimento no Serviço Social, engrandecendo a perspectiva dos profissionais Assistentes Sociais à luta de ser negro em um país historicamente racista”, citou Suelma.
Nicole Barbosa de Araujo, presidenta do CRESS-SP, ressaltou a importância do encontro que, segundo ela, é ponto para socializar a grandeza de Mabel Assis, a mulher, professora, intelectual e assistente social “que nomeia nosso Grupo através do olhar de outras três grandes mulheres, e também, foi importante para iniciar a reflexão sobre o racismo, a invisibilidade das intelectuais negras no Serviço Social e na produção do conhecimento em geral”, enfatizou a presidenta.
Objetivos do Grupo de Estudos
Segundo explicou Nicole, o Grupo foi pensado como mais uma estratégia para avançar nas discussões sobre a temática das relações raciais e do combate ao racismo, considerando as lacunas na formação e os muitos equívocos de compreensão que ainda são manifestadas pela categoria, como ficou evidenciado no resultado da enquete proposta pelo Comitê em 2018/2019.
Além, disso, estima-se apresentar e movimentar o acervo da biblioteca do Conselho, que nos últimos anos foi ampliado com a inclusão de importantes obras sobre as relações étnico-raciais no Brasil e recebimento de doações.
A presidenta do Conselho observou ainda que o grupo presente saiu do encontro de abertura emocionado, com vontade de estudar, conhecer, aprender, mas também, já direcionados para a importância da resistência e luta coletiva, e compreendendo que combater o racismo é tarefa ético-política de toda/o assistente social.
“Além disso, temos a tarefa de manter vivo o legado de luta, resistência, coerência e afetividade que Mabel Assis representa. Aprendemos que Mabel era regada à vida, uma mulher negra que levantava outras mulheres, que era movimento, que enegresceu o Serviço Social e gostaria de ser lembrada por ser livre! Mabel, presente!”, finalizou
Programação do Grupo
22/07 – Abertura e Femenagem a Mabel Assis
19/08 – 1º Encontro Grupo de Estudos
Texto e autora
Quando a questão racial é o nó da questão social (Renata Gonçalves)
23/09 – 2º Encontro Grupo de Estudos
Texto e autora
A percepção do assistente social acerca do racismo institucional (Marcia C. Eurico)
21/10 – 3º Encontro Grupo de Estudos
Texto e autora
Racismo e Sexismo na cultura brasileira (Lelia Gonzalez)
18/11 – 4º Encontro Grupo de Estudos
Texto e autora
Desumanização da população negra: genocídio como princípio tácito do capitalismo (Magali da Silva Almeida)
02/12 – 5º Encontro Grupo de Estudos – Avaliação e fechamento do grupo
Texto e autora
Nossos Feminismos Revisitados (Luiza Bairros)