I Seminário da COFI reúne cerca de 200 assistentes sociais em São Paulo 

No último dia 23, o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-SP) realizou o I Seminário Estadual da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI-SP), reunindo profissionais de todas as regiões de São Paulo, as diversas áreas, como assistência social, saúde, educação etc. 

O Seminário iniciou com intervenção cultural com o Sarau Baobá, numa acalorada batalha de rima, a qual utilizou das palavras sugeridas pelo público como: democracia, ética, direito, resistência.  O Sarau foi dirigido pela poeta King a Braba  e os poetas Ruan Silva , Flávio Henrique Silva . Wellington David , fotógrafo, também acompanhou a turma, em que fazem parte do Sarau Baobá.

 

A mesa de abertura contou com as entidades representativas da categoria profissional. Estavam presentes o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), a presidenta do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP) e da coordenação da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI).  

Representando o CFESS, o conselheiro Tales Willyan Fornazier saudou o evento e a importância da Comissão. “A Orientação e Fiscalização é o que chega mais próximo do assistente social no cotidiano. A COFI tem um papel central de estar junto dos profissionais. Nossa tarefa enquanto gestão é fortalecer as comissões”, destacou Tales. 

Pela ABEPSS, Caio Yuji de Souza Tanaka  destacou a discussão das tecnologias no mundo do trabalho atual, em particular, no trabalho de assistentes sociais. “Essas metamorfoses do mundo do trabalho, das tecnologias, na mão da hegemonia de uma burguesia”, afirmou Caio. Pontua que a burguesia que detém as tecnologias de construção de narrativas através dos algoritmos é a mesma que impõe a uberização do trabalho. Caio também justificou a ausência da Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO), a qual estava, no momento, em greve estudantil na PUC-SP.  

Raphaela Fini, representando a Coordenação da COFI, destacou que temos um grande desafio no CRESS, que são proporcionais ao  tamanho de São Paulo, e precisamos avançar na construção coletiva de profissionais de base, funcionários e direção. Sobre a categoria de assistentes sociais, relatou o olhar crítico inerente ao perfil da profissão.  “Muitas vezes fazemos nossas colocações só no lugar da criticidade. Neste momento histórico, precisamos pensar que essas críticas sejam propositivas. Refletir os desafios, mas transformar em ações e propostas”, refletiu Raphaela. 

Aparecida Mineiro, presidenta do CRESS-SP, lembrou o papel do serviço social e da atuação da gestão no contato com os assistentes sociais através do Seminário. “Estamos para dialogar, conversar, se colocar, entender, ouvir. Porque isso é o serviço social. E é isso que este seminário tem de especial”, enfatizou a presidenta.  

 

 

MESA DISCUTE COMPETÊNCIAS, ATRIBUIÇÕES E REQUISIÇÕES INDEVIDAS  

A mesa de discussão “Competências, atribuições e requisições indevidas” debateu com profundidade a atual conjuntura e os rebatimentos nas políticas públicas, na realidade social e por consequência os desafios postos ao trabalho profissional das/os/e assistentes sociais.  

Raquel Raichelis, – assistente social e doutora em serviço social pela PUC-SP, coordenadora do NEP Trabalho e Profissão -, explicou as profundas transformações no mundo do trabalho que se voltam às políticas públicas e, portanto, aos direitos da classe trabalhadora, afetando em massa a vida, o exercício de cidadania e as condições de trabalho da classe trabalhadora.

Para ela, a crise do capitalismo “Transforma significativamente conteúdos, significados do trabalho, direção social estratégica das nossas atividades. Altera a própria natureza do trabalho profissional, a forma de ser do serviço social e, portanto, a materialização do nosso projeto político-social”, sintetiza Raquel. 

Ela fala que discutir competências, atribuições e requisições indevidas é discutir a profissão. “É importante a regulamentação, mas não é suficiente. Mais importante que brigar pelo monopólio das atividades, é a resposta que conseguimos construir para as demandas colocadas. É aquilo que conseguimos negociar e ocupar neste espaço de disputas”, diz Raquel. 

Maurílio de Matos, assistente social e presidente do CFESS nas gestões 2014 a 2017, destacou o momento que o Serviço Social estabeleceu seu projeto ético-político “O mundo mudou, o serviço social fez um giro, um rompimento com o projeto conservador. Mas, a sociedade e as instituições não mudaram. O controle da classe trabalhadora, ainda que os vínculos de trabalho tenham sido alterados, como percebemos com a atual geração”, alertou Maurílio. 

Ele apontou a importância de constituir uma profissão que compartilhe informações, que entenda ações de democratização ao acesso às políticas públicas e aos direitos da classe trabalhadora com que ela interage e as instituições que trabalham.  

“Essas instituições em que assistentes sociais trabalham, são cada vez mais marcadas pela manutenção de uma cultura patrimonialista, clientelista, tensionada por projetos autoritários que reafirmam requisições para que assistentes sociais atuem no controle da população”, disse.  

Segundo Maurílio, “é necessário que assistentes sociais disputem fundo público junto com a população. Para que possa construir políticas públicas, que garantam os direitos e democratizar informações que afirmem o direito da classe trabalhadora na sua diversidade”. 

 

Neide Aparecida, assistente social, coordenadora de fiscalização e integrante da COFI-SP, apresentou dados atualizados do setor de fiscalização profissional do CRESS-SP. Este setor, composto por 11 agentes fiscais, é responsável por orientar, disciplinar, fiscalizar e defender o exercício profissional de Assistentes Sociais.  Ela agradeceu a toda equipe, e apontou que as maiores demandas do setor de fiscalizam estão relacionadas aos profissionais atuantes nas áreas da assistência social, da saúde e da educação. 

 

MESA PLANO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL 

À tarde, as discussões seguiram mediadas pelo diretor do CRESS-SP Thiago Agenor dos Santos de Lima.   

Claudio Horst, assistente social e presidente do CRESS-MG, trouxe o passo-a-passo da produção de um projeto de trabalho das/os/es assistentes sociais. “Conscientemente ou não projetamos na nossa vida o que vamos fazer, isso também acontece profissionalmente. Este plano é para que delimite nosso plano de trabalho.  Avançar nas experiencias do cotidiano. O planejamento nos prepara para intervir”, explicou Claudio. O projeto de trabalho tem como objetivo auxiliar demais categorias, gestores e coordenadores, inclusive a população, a entender o trabalho desenvolvido por assistentes sociais. Também, dão salvaguarda nos limites do trabalho, além do direcionamento ético na perspectiva do direito e cidadania. 

 

Marcia do Carmo Batista, assistente social e agente fiscal do CRESS-SP explanou a defesa do projeto ético-político, que é um resultado de lutas políticas as quais possibilitaram saltos qualitativos. “Nosso projeto de profissão está inserido em determinado projeto de sociedade. O que são projetos profissionais e projetos de sociedade? Enquanto projeto de sociedade, temos, segundo José Paulo Neto, o projeto do capital em contraponto ao projeto da classe trabalhadora. O nosso projeto anuncia princípios emancipatórios e radicalmente humanos”, distinguiu Marcia. 

Para finalizar a mesa da tarde, Najila Thomaz, assistente social, militante sindical e diretora do CRESS-SP saudou os estudantes da PUCSP que estão em greve em combate ao racismo na instituição. Leu o manifesto de apoio do CRESS-SP aos estudantes. [LINKAR: Manifestação de apoio à mobilização de estudantes da PUC-SP – CRESS SP] 

Najila enfatizou a importância de fazer luta, fazer greve, se movimentar, sobretudo tomar posição. “A desumanização está sempre na ordem do dia. Então nos humanizarmos é uma estratégia de sobrevivência. Solidarizar com as pessoas em situação de rua que estão sendo massacradas e assassinadas todos os dias por um estado burguês”, apontou a diretora.  

 

O seminário reuniu em São Paulo em torno de 200 assistentes sociais e preparou o encontro do sábado (24) para discutir e deliberar ações relativas à orientação e à fiscalização. 

 

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