Evento debateu os desafios da conjuntura e consolidou o trabalho da gestão do triênio
O Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo — 9ª Região (CRESS-SP), realizou no último sábado, dia 19, a II Assembleia Geral Ordinária de 2019. O evento realizado em São Paulo, no centro da capital, reuniu mais de 100 pessoas.
A Assembleia foi iniciada com a leitura e aprovação do Regimento Interno, seguida de uma análise de conjuntura que contou com as presenças de Kelly Mellati, conselheira presidenta do CRESS-SP, Juliana Melim, assistente social e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com a mesa sob coordenação de Regiane Ferreira, membro da direção estadual do CRESS-SP.
Análise de conjuntura chamou a atenção para o avanço do conservadorismo
A assistente social do Espírito Santo, Juliana Melim abriu sua apresentação refletindo sobre o cenário da atual conjuntura. “Vivemos um processo de intensificação da luta de classes e é importante demarcar isso”, afirmou. Ainda falou sobre as perspectivas do combate ao conservadorismo pela categoria de assistentes sociais. “O combate ao conservadorismo tem que ser numa perspectiva de defesa da laicidade do Estado e da laicidade dessa profissão”, concluiu. Juliana finalizou destacando a necessidade de a classe permanecer firme e forte nessa luta.
Kelly Melatti, conselheira do CRESS-SP, em sua explanação, apontou como a fragmentação da classe trabalhadora, a terceirização, as inserções precárias de trabalho, impactam consideravelmente a vida social, sobretudo, das mulheres negras, e fez um alerta sobre como a conjuntura impactará a atuação profissional das/os assistentes sociais: ” Seremos convocadas/os a traduzir às/aos usuárias/os dos nossos serviços os prejuízos das reformas e os não direitos que serão impostos, especialmente para quem mais necessita dos benefícios sociais. Só poderemos responder essas demandas de maneira ética se estivermos conectados/as com as lutas mais gerais da classe trabalhadora, construindo coletivamente formas de resistência contra os ataques e retrocessos em curso. “, conclui.
Após a análise de conjuntura, Julio Cézar de Andrade, diretor estadual do CRESS-SP, abriu o debate enaltecendo o sucesso da campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”, que teve grande êxito neste triênio. “Temos uma tarefa aqui de falar do saldo positivo da campanha ‘Assistentes Sociais no Combate ao Racismo’, que sai das bases da capital de São Paulo e se articula nacionalmente, mobilizando o Serviço Social para o enfrentamento de uma das opressões mais objetivas da realidade brasileira, que é o racismo institucional e estrutural”, afirmou Julio.
Tanto Kelly quanto Juliana, fizeram suas considerações finais pautadas na avaliação da campanha de gestão.
A conselheira do CRESS-SP apontou a importância de a/o assistente social denunciar o racismo institucional nas diversas políticas e nos diversos espaços em que está. Concluiu dizendo que a campanha deixou um grande aprendizado e expressou a necessidade de que a mesma seja qualificada para o próximo triênio. “Agora que nos demos conta de como essa demanda aparece no cotidiano profissional, e agora temos a de dizer o quanto a luta antirracista precisa estar presente no nosso cotidiano profissional. Nós, assistentes sociais, temos uma potência muito grande na denúncia contra o racismo institucional. Que a gente use esse recurso de denúncia para conseguir somar na luta antirracista onde quer que estejamos”.
Fechando a discussão, Juliana Mellin também mencionou como ponto alto a campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”. “Sem dúvida nenhuma, acho que esse foi o ponto alto. Nós conseguimos levar esse debate para todos os cantos desse país. Fizemos debates importantes sobre a questão racial, sobre a necessidade do combate ao racismo, dentro e fora da profissão. E em lugares que nem imaginávamos ir. Muita gente se envolveu. Foi, assim, uma experiência valiosíssima e merece, de fato, essa referência que estamos fazendo”, declarou.
Plano de Ação e anuidade 2020
Seguindo a programação, após o debate, a Comissão de Planejamento do CRESS-SP, composta por diretoras/es da estadual e das seccionais, apresentou a peça orçamentária, a proposta de anuidade apenas com reposição inflacionária e o Plano de Ação de 2020.
Dentre os destaques apresentados sobre o planejamento, o contínuo aprimoramento do Comitê Assistentes Sociais no Combate ao Racismo e o importante processo de descentralização das ações, por meio das seccionais, de maneira a ampliar as funções precípuas do conselho de orientar, fiscalizar e disciplinar a profissão, conforme destaca Patricia Ferreira da Silva, vice-presidenta do CRESS-SP: O CRESS, em conjunto com as Seccionais, apresenta um plano que tem uma proposta descentralizada, com atividades em todo o estado de São Paulo para conversar com a categoria sobre diversas demandas do cotidiano dessas/desses assistentes sociais. E fazer, então, o que é da competência do Conselho: defender, orientar, fiscalizar e disciplinar essa profissão eticamente, levando informação, formação (ético-política, técnico-operativa, teórico-metodológica) para subsidiar essa categoria no seu trabalho do dia a dia.
Patricia ressaltou ainda a importância e todo esforço empreendido pela Comissão de Planejamento em extrair todas as informações prestadas pelas comissões do conselho e seccionais, de maneira a tornar documento mais acessível a todas/os: O CRESS-SP apresenta nesse planejamento, que nós chamamos de Plano de Ação, uma inovação no formato, na organização e na estrutura, transformando-o em um documento mais fácil de se entender, com maior qualidade na sua transparência e nas informações, para que cada vez mais a categoria profissional possa encontrar-se e se compreender neste Conselho, finaliza.
Após realizada a apresentação completa do Plano de Ação para 2020 e feitos os devidos esclarecimentos sobre as ações, a plenária votou o Plano de Ação 2020 e a anuidade no valor de R$ 534,69, com reposição inflacionária de 3,16 (IPC-M – FGV).
A conselheira e presidenta do CRESS-SP, Kelly Mellati, falou sobre a importância dessa assembleia: “Nós viemos de um triênio de gestão e acho que hoje se consolida um projeto que não começou agora, mas que foi trilhado ao longo desses três anos. Acredito que saímos com o saldo muito positivo, no sentido de que ela [a assembleia] consolida esse caminho de três anos que foi trilhado junto com a categoria profissional de assistentes sociais”, complementou. “Acho que saímos vitoriosos com a nossa pauta política, no sentido de que aprovamos projetos para 2020 que de fato vão chegar mais próximo da categoria de assistentes sociais, e na defesa da direção política profissão”, concluiu.
Projeto consolidado e desafios na gestão
Ainda na assembleia, foi eleita, por meio de votação, a Comissão Regional Eleitoral, que ficará responsável pelos procedimentos do processo eleitoral referente ao triênio 2020-2023. Luciano Alves, membro da direção estadual do CRESS-SP, divulgou que este ano a votação será realizada completamente online.
Durante o processo de contagem dos votos que elegeu a comissão eleitoral para o pleito do próximo triênio (2020-2023), as/os assistentes sociais que compuseram a delegação do CRESS-SP nos encontros Descentralizado da região Sudeste e Nacional do conjunto CFESS/CRESS, fizeram o repasse e avaliação dos encontros. Todas/os integrantes da delegação do estado de São Paulo, preencheram um formulário que, dentre as questões principais, buscavam avaliar a participação coletiva da delegação, a participação individual, os espaços onde foram realizados os dois eventos, os aspectos administrativos que viabilizaram a a participação no evento, dentre outras.
A Assembleia encerrou com um agradecimento coletivo a todas/os profissionais que de alguma maneira estiveram envolvidas/os junto ao conselho durante o triênio 2017-2020, seja por meio das assembleias, dos NUCRESS, das comissões e dos inúmeros seminários realizados.
A presidenta do CRESS-SP, Kelly Melatti, por fim, falou sobre os desafios para a próxima gestão: “ Acho que fica um desafio gigantesco porque as condições de trabalho, as condições de vida, a conjuntura não são favoráveis para esse projeto que a gente defende. Exige muita luta, muito esforço, muito compromisso. As/Os próximas/os que virão certamente terão um desafio gigantesco a enfrentar. Mas acredito que o que fica marcado hoje é que esses companheiros e companheiras não enfrentarão isso sozinhos/as”.