CRESS-SP Entrevista – Priscila Lemos Lira, sobre a Marcha das Mulheres Negras de SP

 

1ª Marcha das Mulheres Negras de SP (2016). Foto arquivo pessoal

Priscila Lemos Lira é assistente social, mestra em Serviço Social e Política Social (UNIFESP-BS), pesquisadora sobre Movimentos de Mulheres Negras e Serviço Social, Doutoranda em Serviço Social (UFJF). Ela compõe a organização da Marcha das Mulheres Negras de SP que em 2026 irá completar 10 anos, e vai nos contar sobre como se dá a organização desse movimento que a cada ano ganha mais visibilidade.

Priscila também integra o Comitê Assistentes Sociais no Combate ao Racismo do CRESS-SP e faz um alerta sobre o debate étnico-racial na profissão: “fica como tarefa para categoria profissional, a reflexão sobre sua atuação antirracista, qual seu comprometimento para a não reprodução do mito da democracia racial e do racismo institucional no cotidiano profissional”.

 

CRESS-SP: Fale um pouco sobre a Marcha das Mulheres Negras de São Paulo

Priscila: A organização da Marcha das Mulheres Negras de SP se inicia com a construção da Marcha Nacional de Mulheres Negras de 2015, em 25 de julho de 2014, data em que foi lançado oficialmente o Núcleo Impulsionador da Marcha em São Paulo. Desde então, após a Marcha de Mulheres Negras de 2015 em Brasília, que reuniu quase 50 mil mulheres de todo o Brasil, a organização de São Paulo compreende que o movimento deveria continuar com a articulação e, em 2016, acontece a primeira Marcha de Mulheres Negras na cidade de São Paulo, que vem anualmente se articulando para dar continuidade ao legado histórico das movimentações de mulheres negras.

CRESS-SP: Quem compõe esse movimento e quais são seus objetivos?

Priscila: A Marcha de Mulheres Negras de São Paulo é um movimento social diverso e plural, acolhendo diversos coletivos, mulheres independentes ou organizadas em partidos políticos, Ong’s, mulheres aliadas, religiosas ou não, LGBTQIA+, Imigrantes/Refugiadas e Anticapacitista.

Um movimento que para além da organização da Marcha de Mulheres Negras anual no 25 de Julho, está organizado em diversas frentes, pela luta de direitos sociais, políticas públicas, contra o genocídio da juventude negra, feminicídio, e a participação da mulher negra na política.

CRESS-SP: Como é a preparação para essa data e como as mulheres se organizam?

Priscila: A organização acontece ao longo do ano com avaliações e debates sobre a conjuntura política. Com a proximidade da data 25 de julho, intensificamos as reuniões de planejamento, atividades, grupos de trabalhos e acolhimento para as mulheres que chegam para compor o movimento.

Nesse 25 de julho, a Marcha se concentra na Praça da República, centro de SP, a partir da 17h30.

 

CRESS-SP: De que maneira as mulheres não negras podem apoiar essa ação de maneira contínua?

Priscila: É importante a compreensão de que a luta contra o racismo e sexismo não é uma pauta exclusiva de mulheres negras, e que uma sociedade livre de tais opressões depende da luta de todas as pessoas de forma prática, para além de hashtags e grupos de WhatsApp, precisamos de ações concretas cotidianas.

CRESS-SP: Existe um calendário oficial da Marcha das Mulheres Pretas no estado de SP?

Priscila: Ainda não, mas a cada ano, diversas cidades e capitais estão organizando suas Marchas. E pela primeira vez, a importância do 25 de julho vem ganhando cada vez mais espaço para debates e atividades, sobretudo, com a construção do Julho das Pretas.

As atividades da Marcha de Mulheres Negras SP podem ser acompanhadas pela rede social @marchadasmulheresnegrassp no Instagram.

 

CRESS-SP: O Dia Internacional da Mulher negra, latino-americana e caribenha integra o calendário de lutas do Serviço Social brasileiro, demonstrando a centralidade e importância no debate sobre raça, classe e gênero na profissão. Debate esse que ganhou novos contornos com a campanha assistentes sociais no combate ao racismo. Na sua opinião, quais seriam os avanços desse período, seja na formação ou na instrumentalização do trabalho, que evidencie o combate ao racismo na profissão?

Priscila: Ainda que como resultado a Campanha de Assistentes Sociais no Combate ao Racismo tenha contribuído com a ampliação do debate, o que observamos na prática é que as ações ficam centralizadas na Campanha enquanto gestão. Ao observarmos o engajamento da categoria profissional da base, as ações e debates ficam sob a responsabilidade de mulheres negras em sua maioria, o que é bem desgastante que mesmo após a Campanha, essa pauta seja quase que exclusivamente das pessoas que já são alvo do racismo, quando já temos subsídios teórico-metodológico e ético-político suficientes para avançarmos nesse sentido, apresentando-se urgente a compreensão que uma práxis negra (Moura, 1988), que é uma questão de reparação histórica para o Serviço Social brasileiro.

 

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