Nota divulgada pelo CFESS sobre os desafios na atual conjuntura resgata trajetória de independência política do Conselho e denuncia ataques aos trabalhadores e à categoria.
Os atuais acontecimentos nas esferas políticas, jurídicas e econômicas têm deixado uma parcela da categoria de assistentes sociais e da população em geral bastante confusa. A cada dia, delações, denúncias, pedidos de impeachment e renúncias, além de arranjos políticos e escândalos são noticiados pela mídia e reforçados pelas maiores passeatas já vistas em diversas cidades do país.
Por isso, o Conselho Federal de Serviço Social publicou uma nota com o objetivo de analisar a atual conjuntura política e proporcionar debates, reflexões e esclarecimentos à categoria.
Em um momento de forte ascensão do conservadorismo e de polarizações ideológicas, o resgate das pautas defendidas e da perspectiva histórica do conjunto CFESS/CRESS é fundamental para manter a categoria em um caminho de autonomia e crítica aos partidos da situação ou oposição. As deliberações do Conjunto CFESS/CRESS tem sido, desde a redemocratização do país, críticas ao “projeto das elites e suas opções em favorecer o capital em detrimento das condições de vida da população, especialmente por meio da privatização da saúde, educação e violação dos direitos sociais e humanos”.
A nota ainda aborda as atuais denúncias e prisões feitas contra integrantes do alto escalão do atual governo, bem como a dirigentes históricos como Lula, Mercadante e José Dirceu. “Os acontecimentos dos últimos dias de ataque ao ex-presidente Lula representam, em nossa opinião, o resultado desastroso, mas esperado, das opções históricas do Partido dos Trabalhadores ao romper com a necessária radicalidade do projeto da classe trabalhadora e fortalecer seu compromisso com as elites”, diz a nota.
O CFESS também anuncia preocupações com a seletividade da justiça, que estaria sendo utilizada como forma de atacar símbolos que, contraditoriamente, são identificados com a história de Lula e do PT. “O que se espalha no país hoje é movido ainda pela grande mídia, expressiva do oligopólio de uma comunicação não democratizada e dominada por poucos grupos familiares da elite brasileira [contra] movimentos que conduziram tensões históricas importantes e fazem tremer a aristocrática burguesia brasileira que hoje conduz, com sangue no olho, a disputa de governo em meio a uma crise estrutural”, diz a nota.
As preocupações relacionadas ao aumento das tensões políticas também preocupam o CRESS-SP, que recentemente viu assistentes sociais e teóricos de importância histórica para a categoria e para a sociedade serem ameaçados por grupos ultra-reacionários.