Série “A diversidade e a força das mulheres do Serviço Social” – Entrevista com Paula Leão

O CRESS-SP dá sequência à série de entrevistas com assistentes sociais mulheres. Neste mês, compartilhamos um pouco do olhar para o Serviço Social e da experiência de Paula Silva Leão, atuante na Política de Assistência Social e na docência

 

Na segunda entrevista da série do site do CRESS-SP que busca retratar a atuação ampla e diversa das assistentes sociais mulheres, Paula Silva Leão, Coordenadora e Gerente de Serviço Social do Instituto Cristóvão Colombo (ICC), na capital paulista, faz importantes reflexões sobre o trabalho na Política de Assistência Social e o Serviço Social, como um todo.

“A falta de credibilidade que uma mulher sofre na gestão ainda é muito grande e velada, ou você não sabe direito o que está falando ou fazendo, ou você é sonhadora demais”, comenta Paula sobre os desafios profissionais. “A história do Serviço Social é feminina. É admirável o que as assistentes sociais escreveram e semearam na profissão”, enfatiza sobre o legado das mulheres da área para a sociedade.

A seguir, a assistente social divide um pouco da sua perspectiva de atuação e nos convida a pensar nas possibilidades de transformação que o Serviço Social representa para a classe trabalhadora.

 

Paula Silva Leão é assistente social, Coordenadora do Instituto Cristóvão Colombo (ICC)

Site CRESS-SP: Quantos anos você tem e há quanto tempo atua como assistente social?

Paula Silva Leão: Tenho 38 anos e atuo como assistente social há 15. A minha principal área de atuação no Serviço Social é a Política de Assistência Social e a docência.

 

CRESS-SP: Como é essa perspectiva de atuação?

Paula: Atuar no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) não é fácil, primeiro, pela contradição da política pública. É trabalhar em uma política na qual muitos/as pensam que sabem atuar, mesmo sem conhecer as leis, as diretrizes. Ou pensar que se pode efetivar direitos sem conhecê-los. É escutar que serviço é equipamento e ver a identidade do SUAS ir se esfarelando não só no desmonte, mas na impossibilidade de dar identidade a uma necessária política social, ajudando a colocá-la no rol da caridade.

Em relação à perspectiva de atuação, vejo-me comprometida na luta por um Estado democrático de direitos, com a universalização da Seguridade Social e das políticas públicas e o fortalecimento dos espaços de controle social democrático. Entendo que isso requer o fortalecimento de uma intervenção profissional crítica, autônoma, ética e politicamente comprometida com a classe trabalhadora e com as organizações populares de defesa de direitos.

 

CRESS-SP: Como descreveria sua rotina de trabalho?

Paula: Minha rotina de trabalho, hoje, é mais administrativa. Gerencio o plano de ação da instituição (ICC), faço o acompanhamento das certificações, da rotina do serviço ofertado a crianças e adolescentes, participo de reuniões formativas, de planejamento e também do gerenciamento de pessoas e orçamento.

 

CRESS-SP: Para você, o que é o Serviço Social na vida da população?

Paula: O Serviço Social é na vida da população uma profissão como qualquer outra. O/A assistente social pode atuar consciente e criticamente no cotidiano da prática, ou seja, direto com as expressões da questão social, com o indivíduo e suas relações. O Serviço Social é uma possibilidade de direção social que pode favorecer, na sua atuação, os interesses históricos da classe trabalhadora nos seus diferentes segmentos, assim como uma postura conservadora pode favorecer os/as donos/as dos meios de produção.

 

CRESS-SP: Quais são seus principais desafios no Serviço Social, como profissional mulher, atuante na luta pelos direitos sociais?

Paula: Atuando com gerenciamento, deparei-me com desafios maiores. A falta de credibilidade que uma mulher sofre na gestão ainda é muito grande e velada, ou você não sabe direito o que está falando ou fazendo, ou você é sonhadora demais. É como se uma mulher precisasse de dez formas ou mais de possibilidades para se fazer compreendida. Mas, seguimos, essa é nossa luta coletiva, e, por ser mulher, estamos à frente na defesa de muitos direitos sociais, e a maioria deles passa por mãos femininas.

 

CRESS-SP: Que marcos positivos destaca na sua trajetória profissional?

Paula: Difícil dizer. Por onde passei, deparei-me com processos de aprendizagem super positivos, mas, com certeza, a possibilidade de estar com pessoas, em um atendimento ou em uma sala de aula com estudantes, é para mim uma experiência parecida com a de uma agricultora, semeadora… Plantar ideias que se transformam no solo fértil de alguém é mágico.

 

Atuar no SUAS não é fácil, primeiro, pela contradição da política pública. É trabalhar em uma política na qual muitos/as pensam que sabem atuar, mesmo sem conhecer as leis, as diretrizes. Ou pensar que se pode efetivar direitos sem conhecê-los

 

CRESS-SP: Qual é o seu olhar sobre a profissão de assistente social?

Paula: O Serviço Social é uma possibilidade. Uma possibilidade de enfrentamento social com criticidade, ética e política. Não deve ser messianismo, assistencialista ou conservador. Deve estar ao lado da classe trabalhadora, fazendo com que sua ação efetive direitos e possibilite uma vida com cidadania e dignidade.

 

CRESS-SP: Que reflexão faz sobre a luta das mulheres e o Serviço Social, sobre as assistentes sociais mulheres e sua atuação?

Paula: A história do Serviço Social é feminina. É admirável o que as assistentes sociais escreveram e semearam na profissão. A atuação, os espaços ocupados, as ações realizadas, as pesquisas, as publicações, as análises teóricas sob a perspectiva da mulher foram e são transformadoras na nossa sociedade e na nossa profissão. Esse é um diferencial no atendimento, isso vai transformando a sociedade.

 

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