CRESS-SP promove Seminário Estadual em comemoração ao Dia da/o Assistente Social

No último sábado, dia 18, o Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo — 9ª Região (CRESS-SP) realizou o Seminário Estadual em comemoração ao Dia da/o Assistente Social. O evento aconteceu na cidade de São Paulo e reuniu mais de 170 pessoas, entre assistentes sociais, estudantes e profissionais de outras áreas, a fim de estimular o debate e a reflexão sobre o racismo e o trabalho profissional de assistentes sociais.

Com o tema “Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro. A gente enfrenta o racismo no cotidiano”, o seminário foi mais uma ação do Conselho alinhada com a atual Campanha de Gestão do Conjunto CFESS/CRESS “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”.

Mesa de abertura – esquerda/direita GERESS, ABEPSS, CRESS-SP e ENESSO

A mesa de abertura contou com representantes do CRESS-SP, da ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social), da ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social) e do GERESS (Grupo de Estudo das Relações Étnico-Raciais e o Serviço Social). Luciano Alves, da direção do CRESS-SP, falou de uma “revolução”, das mulheres, das negras, pardas, indígenas, pobres, e comentou a trajetória da campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo” até aqui. “Companheiras negras, companheiros negros, companheiras brancas e companheiros brancos estão abraçando a campanha com a mesma energia, com o mesmo entusiasmo, com o mesmo potencial político que ela merece”, conta.

Luciano considerou o seminário promovido pelo CRESS-SP um evento histórico por debater exclusivamente o racismo, vinculando a temática ao exercício profissional e, especialmente, ao desenvolvimento teórico e metodológico da profissão. “Não é um evento que aconteceu hoje, que teve todo o preparo para colocar o conteúdo de forma adequada e ponto, acabou. Como as companheiras colocaram: a campanha não pode terminar nunca. Ela tem que estar imbricada no desenvolvimento do nosso projeto ético-político de profissão. Esta etapa aqui de São Paulo é somente mais uma etapa para desdobrar e aprofundar esse enraizamento necessário”, analisa. Ele ainda destaca que não há como pensar no avanço da profissão, que lida com a história da população brasileira, principalmente a mais pobre, sem discutir racismo.

Surpresas sobre o racismo no cotidiano profissional

A agenda do evento incluiu a divulgação das primeiras análises do resultado da enquete “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”. O levantamento, aberto à participação de todas/os as/os assistentes sociais, contou com o depoimento de mais de 400 profissionais. A apresentação foi feita pelas assistentes sociais Daniela Augusto e Priscila Lemos Lira, membros do Comitê da Campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”, do CRESS-SP e do Grupo de Trabalho (GT) responsável pela pesquisa.

Priscila comenta que o resultado da enquete revelou, surpreendentemente, um olhar um pouco “raso” da categoria, mais próximo do “senso comum”, sobre a questão étnico-racial. “Não tem uma especificidade sobre o que é a formação social, histórica e econômica do Brasil e isso acaba reverberando na atuação profissional e pode culminar até no racismo institucional”, observa.

Acesse aqui a prévia da análise dos dados apresentados durante o Seminário

Apresentação dos resultados preliminares da enquete “Racismo Institucional no exercício profissional”

Debate étnico-racial desde as salas de aula

A mesa de debate com o tema “Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro. A gente enfrenta o racismo no cotidiano” contou com a participação do Professor Dr. Lourenço da Conceição Cardoso e da Professora Dra. Márcia Campos Eurico. A mediação ficou por conta de Augusta Nunes, assistente social e membro do Comitê “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”, e lio Cezar de Andrade, assistente social e conselheiro do CRESS-SP.

Lourenço da Conceição – Palestrante

O Professor Dr. Lourenço da Conceição Cardoso afirma que o racismo é uma discussão que faz parte do Serviço Social, e que não está sendo feita. Ele aponta que é preciso que eventos como o Seminário Estadual do dia 18 sejam reproduzidos em várias instâncias. Um dos tópicos mais abordados durante as falas das/dos convidadas/os foi a necessidade de se inserir o debate sobre a questão étnico-racial na grade curricular dos cursos de Serviço Social. “É importante que [a discussão étnico-racial] entre no currículo para que o professor se prepare para formar profissionais atuantes. As/Os professoras/es devem receber uma formação que possibilite uma discussão crítica a respeito de uma formação marxista para além do marxismo ortodoxo. E nisso se incluem Frantz Fanon, Clóvis Moura, Lélia Gonzalez. São necessárias essas e outras referências teóricas”, avalia o professor.

Para a Professora Dra. Márcia Campos Eurico, é preciso reforçar no cotidiano a importância das/dos profissionais conhecerem o processo de desenvolvimento do capitalismo e como ele atinge a população negra. Esse processo acaba deixando essa população em uma situação extremamente precária, nos postos de trabalho mais precarizados e na baixa escolaridade. Segundo Márcia, ter essa compreensão é importante para que possamos pensar em ações que mudem essa realidade.

“Enquanto profissional que atende nas diversas políticas públicas pessoas que estão, muitas vezes, numa situação de grande vulnerabilidade, [a/o assistente social] acaba precisando lidar com várias violações de direitos. Violações que estão diretamente ligadas à condição de classe e à condição racial. Para a/o profissional, esse debate é importante para que ele possa ampliar e ter ações mais efetivas no cotidiano”, afirma a professora.

Márcia Campos Eurico – Palestrante

Um dos objetivos do Seminário Estadual em comemoração ao Dia da/o Assistente Social foi mostrar que o debate sobre o racismo não se encerra com o evento. O tema é extremamente atual e sua discussão é indispensável não só para as/os profissionais do Serviço Social, mas para toda a sociedade. “A luta antirracista é uma luta de todos nós e não deve ficar a cargo apenas dos profissionais que vivenciam o racismo no cotidiano”, conclui Márcia Campos Eurico.

Fechando a agenda do encontro, o CRESS-SP lançou a quarta edição da Revista Emancipa: O Cotidiano em Debate. O novo número reúne artigos de especialistas, dados, reflexões, depoimentos e registros fotográficos a partir do tema “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”. Após o lançamento, o pocket show de Renato Gama e Heloisa de Lima, artistas do coletivo Sá Menina, encerrou o dia de atividades com muita música e animação.

 

 

Confira alguns momentos do Seminário:

 

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